terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Nivelado

Repousando sobre sua tímida fraqueza, reparo todo momento quando você mexe seu cabelo... suas fotos são sempre as mesmas, mas o que me perturba mais não são as imagens impressas, mas sim as que insistem em habitar minha tão conturbada e confusa mente... Seis segundos pensativa, com o garfo na mão... A fragilidade incolor do momento em que se fecha os olhos para dormir um pouco... ou aquela manha de reclamar de um cansaço, só para ganhar um abraço... São sempre os minutos da despedida de uma viagem, no box 14... Ou apenas quando deixa minha casa, dizendo um adeus meio arrependida, contanto os segundos para que a outra noite chegue logo...
Quando faz frio, de meias, coloca seus pés sob os meus, se "aninha" no meu ombro, da aquele suspiro indescritível e adormece... No calor, me puxa para deixo da ducha fria, me "sequestra" mais cedo da empresa para ir a algum clube, ou algo surpreendente...
Quando chega em casa, desabafa sobre seu dia chato no trabalho, no quanto aquelas peruas são chatas, ou o quanto aquele chefe a odeia.... coloca tudo para fora... E ao defendê-la dando razão à sua ira, ela abre o sorriso como uma gratidão dos minutos de "psicologia"...
Quando nos conhecemos, não podia ser mais perfeito... uma fila, uma tarde de chuva e um comentário bobo sobre o tempo. E deste para um sobre a correria, sobre o trabalho, sobre a faculdade... família... telefone...
Nem acreditaria que iria dar em algo. Mas é nessas horas que a gente acaba achando o que deixou de procurar há muito tempo... As juras, as palavras doces, as discussões ásperas que acabam em pedidos melados de desculpas e carinhos... A fuga da rotina, o combustível para que tudo dê certo e a grande sintonia em saber o que o outro está precisando naquele momento...
E nas horas de aborrecimento, quando se está prestes a explodir, e tudo e todos estão um saco, aquela mão no ombro e o silencio de um abraço que ampara e fortalece ao mesmo tempo te leva a uma certeza tão desconcertante que dá até medo...
Os planos, as viagens, as juras... Dividir idéias, apelos, emoções e confissões... Sentir o cheiro dela que fica em todos os lugares quando não estão juntos...
Ter uma admiração recíproca e expontânea, sem pressões e sem cobranças... nem de um e nem de outro... Fazer dar certo... acreditar...
Escrever bilhetes pequenos, cartinhas bobas e idiotas, lembrar de alguma música, de algum lugar, de um "deja vu" que talvez nunca aconteceu conscientemente, mas que leva àquela sensação de é possível... de que TUDO é possível...
Acreditar que pode se voltar no tempo por um segundo para viver uma pequena e momentânea eternidade, daquelas que te inspira a ter pensamentos e idéias tão mágicas que em sã consciência você nunca teria... Extrair de si mesmo o melhor, por que há alguém do seu lado que te faz crer em seus próprios talentos... E se orgulhar de mostrar seus feitos, por que você não faz aquilo só por você, mas também por ela...
Você abre mão de tantas coisas por ela, e percebe que ela também deixa de fazer coisinhas que ela gosta tanto só para te acompanhar nos seus programas chatos e cafonas... E quando você vai fazer as coisinhas que ela aprecia, por mais bobo e fútil que pareça ser, você adora... e sente muita falta quando fica sem...
Como é que tudo isso simplesmente secou dentro de mim? TAlvez é mais fácil se empacotar em seu martírio atual do que se permitir a viver outros... Talvez não haja amor sem dor... Talvez nunca haja uma cura para um coração tão ferido... Talvez um coração vazio fique tão escuro e frio que essa dor constante e incessante fique um pouco oculta, embora sempre e sempre presente.
Talvez nem é a dor da perda ou o sentimento equivocado de abandono é o que mais incomoda... Talvez o que mais seja triste é aquela sensação de fracasso... Você corta um pedaço de pão, coloca o café quente na xícara, pixa um muro, coloca um outdoor ou quem sabe até se perde no tempo por alguém e espera que aquele alguém reconheça isso... Talvez seja esse o terrível sentimento de fracasso, por que você sempre espera mais e mais, e recebe menos e menos...
Senta próximo ao céu, ou foge da cidade ficando em estradas vazias e desertas, apenas olhando para cima, com aquela vontade de estar dizendo palavras legais e trocando carinhos, ao invés de estar sentindo aquela falta estranha e sem nexo, de coisas que você definitivamente nunca viveu. Talvez seja vontade de vivê-las... Talvez seja predestinado a ser um ermitão da vida, excluso de tudo e de todos... talvez até por vontade própria...
Talvez você nem venha a ter filhos, ou viver aquilo tudo que gostaria de ter vivido... Talvez você nunca se apaixone pela melhor amiga da infância, nem da adolescência... talvez você goste da amiga que te liga para desabafar os problemas, mas nunca vai ser forte o bastante para se permitir ficar junto... Talvez você se apaixone por uma estranha a mil kilômetros de distância, e talvez nunca tenha oportunidade de trocar um oi... Talvez idolatraria alguém que só existe dentro de sua cabeça, e ao dormir, fique idealizando um alguém tão perfeito que se esquece da realidade hostil e dura que a vida impõe sob o coração defensivo e entrincheirado em muros de decepções alimentadas pelo terrível anjo interior que queira o proteger de qualquer nova dor que possa vir a aparecer...
Qual a verdadeira razão para estar aqui, neste exato momento? Esta é a questão máxima da vida...
Onde está a realização pessoal? Onde está aquela canção que tocava todos os dias as 5:45 da manhã? A canção dos ventos e do despontamento do horizonte, que parecia sair da alma... onde?
...novamente, elas... as reticências....

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Rodando


Você acorda com dor de cabeça e não enxerga nada além de tédio e rotina... Você inevitavelmente não tem a quem recorrer... não há companhia... Seu amigos, sua família... Todos tem algo a fazer, mas você não tem muitas opções... se tranca, se afasta... acha que não há mais nada a fazer. Chove lá fora a todo instante, e a paisagem da cidade não te distrai mais... Você tem 85 canais a sua disposição mas acha tudo um saco... Então, você olha na garagem, e lembra dos minutos em que tudo desaparece...
Só os minutos que precedem a decisão de virar a chave no contato rumo a um lugar diferente ja irradia sua alma, embora ainda esteja "fraco" diante de tudo. Mas você vira a chave no contato. O barulho do motor ligado, a chuva caindo, o limpador ativo... Os faróis acesos, e derrepente, a estrada. O tempo até muda diante dos seus olhos. "Estou sonhando? Ou isto realmente está acontecendo?" Você até tira uma foto para saber que esteve realmente ali... Abre-se uma cortina, diante daquela água toda caindo, e você entende que aquele momento é seu, e apenas seu. Ninguém pode tirá-lo. Não há corações quebrados, amores mal resolvidos. Não há horários, nem regras, nem rotinas. Não há ninguém te perturbando. Só há você e o tapete preto pontilhado à sua frente. Um gole da água com sabor de limão, o vento batendo no pára-brisas. No retroviso, a cortina de água e as nuvens carregadas, despejando toda a sua energia sob o solo. Dá a impressão de que você deixou tudo para trás... Da a ligeira sensação de libertação de todos os seus problemas que só você consegue sentir o peso... Não há gritos, não há responsabilidades, nem prazos. Não há cobranças nem julgamentos. É apenas você e a estrada. É apenas você, ali, vivendo alguns centimetros daquilo que você sabe que é e que foi um dia. É apenas você, resgatando a si próprio daqueles medos inconscientes e desnecessários que todos os dias você tem que viver.
Dirigir não é uma redenção. É algo tão mecânico que você nem percebe que está fazendo... Mas experimente um dia, pegar uma estrada, sem destino, sem rumo, sem lugar para parar. Encha o tanque e veja até onde pode chegar... ou melhor, veja até onde você quer chegar. Limpe sua mente e apenas contemple. Admire cada km rodado, cada ultrapassagem, cada carro que passa por você na reta oposta... Escolha uma boa música, mas escolha músicas que não te lembrem nada. Ou no máximo, aquelas que te levam a ter a nostalgia inexplicável, a saudade de algo que não existiu (ainda) para você. Coloque seu rosto para fora e sinta o vento forte batendo em seu rosto. Escolha uma tarde para fazer isso, de preferência com o sol na sua direita ou na sua esquerda, tanto faz... Mas escolha aquele horário em que ele vai caindo... que aquele amarelo indescritível começa a bater na paisagem. Curta cada segundo, por que é muito rápido. Esse amarelo não dura mais do que 3 ou 5 minutos. Mas a mágica em si que esta mistura de crepúsculo, paisagens e estrada tem sobre sua alma é uma coisa que você só vai conseguir sentir quando fizer.
Pegue a estrada. Sempre. Pode estar chovendo, e muito, mas talvez você encontre o tempo bom mais adiante, e pode ver e sentir coisas que talvez nem imaginava existirem...
Meu refúgio... Ele ainda existe naquele lugar? Ou a mudança que aconteceu também o migrou nas mágicas manhas de domingo que eu, evidentemente, SEMPRE estava ali?
É preciso descobrir, e vai ser uma evolução incrível.
Rodando, sempre... Pelas estradas e madrugadas.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Road...

Mais um fim de semana em SP... ta virando rotina... Mas é incrível como fico bem apenas entrando na BR, dirigindo entre paisagens... Saindo de uma cortina de chuva e vendo o sol, logo ali, brilhando na planície...
É uma pena que toda segunda as oito há um cartão de ponto a bater... Mas houve os 117 minutos em que rodei sem destino, sem horários e sem pressões... e isso me recarrega...
To sem inspiração e sem trilha sonora, mas aos poucos vou me refazendo.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Foi aqui que eu parei...



É exatamente daqui que vou continuar... Tudo que aconteceu um dia depois desta foto será esquecido...
O amanhã desta foto tem que ser diferente apartir de agora!

domingo, 7 de dezembro de 2008

Onde está? Estradas e madrugadas...

Novamente 4 da tarde... sol alto, devido ao horário de verão, e sempre algo me chamando afora... Neste domingo eu quis e muito um lugar que tivesse água... poderia ser um rio, um clube, uma cachoeira... estava pronto para isso... Pena meus 186 contatos de celular não terem me feito companhia, cada um com sua desculpa. Pudera, eu me afastei de todo mundo, durante um ano inteiro... Sem encontros, sem "cervejinhas" no domingo, sem festas... recluso novamente dentro do meu "eu" durante todo esse tempo...
Mas hoje algo me chamou para fora, e eu peguei a estrada... Fui ali, na divisa com São Paulo, atravessando a "ponte do tempo" onde a paisagem e a estrada ficam diferentes... Entrei na primeira cidadezinha, dei um giro e voltei... simples assim.
Sim, nestes momentos você sente falta de alguém do lado... mas é nestes momentos que você se lembra o porque está sozinho... todas as desconfianças, todas as decepções... E como não sou do mesmo jeito que a maioria dos meus amigos, que encontram uma garota legal mas tem a necessidade de sair com outras em seus encontros casuais (por que rotina cansa... péssimo discurso), fico fora dos beijos vazios e dos papos que dão sono... Não há nada pior estar com alguém que não tem nada haver com você, só para "não ficar sozinho"...
Algo me chamou à estrada hoje novamente... Algo me fez lembrar aquelas manhãs vendo o sol chegar, aquelas madrugadas contemplando estrelas... Sempre haviam músicas tocando, geralmente escolhia um repertório que me fizesse crer naquele sentimento nostalgico que eu tanto procurei até um certo tempo atrás...
Hoje, eu queria reencontrar o cara que eu era há uns 3 anos atrás mais ou menos... o cara que escrevia coisas legais, que sabia como colocar cada palavra... talvez tenha sido isso que me colocou na estrada...
Apartir de agora, cada segundo é incerto... não sei como vai ser amanhã, mas sei que estão me chamando a descobrir coisas sobre eu mesmo, sobre quem eu sou... preciso largar meu passado de lado, mas para isso eu tenho que encontrar o caminho do meu futuro... e é por isso que pego a estrada novamente... A madrugada não é mais como era antes... as pessoas não são as mesmas que estão do meu lado... o erro foi o exílio que impuz a mim mesmo durante todo esse tempo em que estive trancado no interior da minha própria vida, entretanto, era mais fácil sofrer pela dor que ja existia do que correr o risco de adquirir uma nova dor e mergulhar novamente naquele abismo profundo que se descobre quando você acredita estar fazendo de tudo para salvar algo ou alguém, quando na realidade, só você é quem precisa ser salvo...
Hoje, a estrada me chamou novamente...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Linha de tempo

Hoje é aniversário da minha irmã... Claro que não vou lembrar de ter escrito isso agora, mas depois acabarei lembrando. Fato é que na verdade, no dia em que escrevi isso, eu pensei sobre minha existência. Talvez é uma forma de me avançar a um futuro que espero que chegue logo. Nem sei se estarei vivo no dia que esta postagem for publicada aqui no blogger, afinal, como eu disse, escrevi há muitos dias atrás, e está programada para sair agora, neste exato momento.
Eu queria que minha existência tivesse um propósito maior. Não digo para a humanidade. Para eu mesmo. Tipo, queria viver entre estradas, nas madrugadas, esperando o sol nascer, tirando fotos e pensando e falando de amor. Hoje talvez eu nem queira alguém do meu lado, como queria antigamente... Era tão bom viver amores platônicos, imaginar uma mulher ideal que não existe, ou buscar ela em pessoas deste mundo... sempre fui louco, e não questiono isso... Só queria as sensações devolta... sensações de plenitude de vida, de fechar os olhos e escutar o silencio, escutar o som do Criador, contemplar as maravilhas que ele fez e os sentimentos incríveis que ele proporciona as pessoas sentirem.


Sinto falta daquele amor que eu buscava, e que eu chegava a sentir por tudo... Sinto falta da empolgação da pista cheia ao tocar... sinto falta de entrar no meu carro velho e não ter vergonha ou se sentir inferior só pelo carro ser velho. Aquele carro me proporcionou muitas coisas boas.... Queria aquelas coisas de volta. Sempre penso no ano que vai chegar... A estrada sempre me chama. Há um tempo, ela tem me chamado denovo, e eu ainda não tive como ir a seu encontro... Preciso de novas histórias, de novos rumos, de grandes sentidos. Mas aprendi muito nos ultimos tempos. Aprendi sobretudo que eu tenho que fazer as coisas que eu quero fazer, e que me deixam feliz. Isso vai ser muito útil nesta nova jornada. Ainda que eu sempre clame por alguém que me admire, preciso aprender a viver de tal forma que eu consiga fazer por mim as coisas que desejo. Ainda que as postagens continuem soando como depressivas, melancólicas ou coisas do tipo, há uma nova cortina se abrindo. Muitos falam em "Nova Fase", e eu mesmo ja usei isso. Não falo em nova fase... Falo em continuidade. Continuar algo que se estacionou na vida. Aquele sentido que as coisas tinham antes, preciso conseguir devolta. Preciso continuar a busca pela "garota do alojamento", ou pela menina que me beijou na porta do cinema, naquele tempo, naquele universo que eu tenho. Algumas vezes aquela época vem em sonhos, outras vezes em sensações. Queria tanto que essa vida minha de agora fosse apenas um sonho ruim, e que eu acordasse naquele tempo, onde nunca fica de dia, e nunca fica de noite... onde o vento é brando e fresco, e chega até a fazer um pequeno frio... Onde as sensações são intensas, extremas... Não sou desse tempo, não sei ainda o que faço aqui, não sei onde a busca que eu tinha parou... Mas tenho que retomar, por que sei que encontrei sentido.