quinta-feira, 23 de julho de 2009

COC Uberaba - 1996 / 1997

É estranho acordar setimentos adormecidos... Mas há um recentimento em mim que eu nunca consegui colocar pra fora... uma raiva que durante tantos anos eu fiquei sentindo, e que naturalmente se foi (ou dormiu sem acordar mais), mas as injustiças que naquela época aconteceram nunca chegarm ao conhecimento dos responsáveis por aquela instituição.
Hoje sou um profissional da área de marketing rural, tenho 26 anos, tenho alguns poucos problemas psicológicos, mas nada que beire a depressão ou que necessite de remédios controlados... Mas sim, muito dos bloqueios que eu tenho hoje eu devo a tantos professores e alunos que estudaram naquela época.
Os alunos, em todo caso, eu nem culpo, pois não passavam de crianças tolas e mimadas (e que hoje sei que pouco mudou daquele tempo), mas a omissão dos professores e da direção daquela época me faz ter a certeza de que a culpa não era nem nunca foi minha, como tanto tempo eu acreditei ser...
Pra começar, quando eu tinha 13 para 14 anos, eu era vítima de booling. Pra quem não sabe o que é isso, a oalavra em inglês, que não tem tradução para o português tem por definição o ato de zombar em demasia de outros, de praticar chacota com os alunos, colegas de aula e até colegas de trabalho. Pois é, isto começou nos colégios, mas esta se alastrando na sociedade.Exemplo? chamar o colega de “quatro olho”,” pimentinha” ou” pouco telha”. Algumas vezes tudo bem , mas tudo tem um limite. Existe um projeto na Camara de Vereadores de Porto Alegre que querem punir os alunos das escolas Públicas que persistirem em humilhar seus colegas. A punição seria suspensão da sala de aula e posteriormente expulsão da escola. Não sei se alguém se lembra da época, mas passava uma novela, "A Próxima Vítima", e eu (que não sou e nunca fui nem tenho tendencias homossexuais) comecei a ser chamado de Sandrinho, personagem de André Gonçalves que era homossexual na novela. Nada demais, pra quem lê isso, afinal, tanta gente é chamada por apelidos e gracinhas. Mas isso persistiu por dois anos no Colégio Osvaldo Cruz de Uberaba-MG, sendo que isso me fez ganhar agressões, humilhações, tanto por parte dos colegas (não todos, apenas um grupo de 5 garotos) e de dois ou três professores. SIM, professores também. Tentei levar isso ao conhecimento da direção da escola, através das professoras Sônia e Iara (que talvez na época não sabiam a proporção e o estrago que isso estava causando na minha vida) mas não adiantou muito, visto que minhas notas eram ruins (eu nunca fui em exemplo de bom aluno com relação a notas) e que eu sempre tava correndo de alguma agressão verbal ou não na sala delas. Mas enfim, dois anos... do começo de 1995 ao fim de 1996. Em 96 até fui reprovado na sétima série em virtude desses acontecimentos, mas ao que parece a instituição nunca ligou para isso. Ainda tinha a péssima professora de português, Marina, que não tinha nem nunca teve paciência para dar aula para ensino fundamental, nunca soube explicar a matéria, sempre usava um tom de voz chato, massante e efusivo, e dessa época, nada entrou na minha cabeça da gramática. Ao que parece ela é assim ainda hoje em dia, pois não faz muito tempo que esbarrei com ela em um elevador, e disse: "Professora, quanto tempo", e com o olhar de desdém que tive, senti que ela olhava para um mendigo, um judeu de época antiga ou um negro de fazenda de coronel... Paciência... Hoje, com meus 26 anos, uma carreira sendo estruturada, vejo que a definição de mestre nada coube nos docentes daquela época (com exceção é claro dos professores Jorge, Dilberto, Cristina, Sérgio França, Josué e Eduardo, que embora fossem enérgicos e sérios, sempre souberam nos colocar no lugar de alunos sem falta de educação ou com qualquer tipo de grosseria a qual (vou falar por mim, e não pelos outros alunos da época) era submetido (sim... Sobrou apenas a Marina, a Adriana, a de história da sétima série - que não é a Cristina - que não lembro o nome e um idiota lá de literatura que graças a Deus eu também nem lembro o nome). Acho que faltou que eu levasse meus pais naquela época lá, mas se eu fizesse isso, seria assinar minha sentença de "maricas" ou algo do tipo perante aos idiotas que me humilhavam com prazer todo santo dia daqueles malditos dois anos.
Posso até concordar que uma sala com 35 / 40 pirralhos de 12 para 14 anos não é lá uma coisa fácil de se ir levando. Não é atoa que escolhi a profissão de publicitário para minha vida, e fico longe destas pestes. Mas o fato de eu não gostar não me dá o direito de entrar em uma sala com adolescentes e fazê-los se sentirem inferiores, pequenos. A Função de um mestre, de um professor, é preparar um aluno para vencer os desafios que a vida aqui fora impõe. Felizmente, diante de várias dificuldades que eu passei desta época em diante, minha cabeça se formou de maneira que essa fase não interferisse no meu caráter, pois esse ressentimento me travou durante muito tempo, e ainda hoje eu tenho "medos" por causa das coisas "maravilhosas" que eu vivi naquele tempo...
Então hoje, depois de 12 anos, talvez vocês saibam que existiu um Rodrigo Pacheco na 6ª e 7ª "C" que precisava de um acompanhamento que vocês não deram 9e talvez, outros tantos "Rodrigos" que não foram escutados, ou que era mais fácil apenas classificar como "picuinha adolescente" e tocar adiante.
Saibam sim, que vocês falharam naquele ano, e se hoje eu sou o que eu sou, salvo os nomes que eu disse ali em cima e que tenho profunda estima (até mesmo pela "tia" Iara e Sônia, que apesar das coisas que passei, não tinham culpa de não estarem 100% do tempo acompanhando meu caso), nada devo a eles...Só meus fantasmas e tantos pesadelos que tive, e a vontade incomensurável de poder voltar no tempo, em 95 NEM PENSAR em entrar para o COC. Pois eu lembro bem que de todos que eu conheci naquela época, poucos ainda tenho contato (mesmo em época de orkut), e amigos sinceros de lá posso contar nos dedos de uma só mão.
Isso não vai me devolver a saúde psicológica que eu tinha antes de entrar lá, mas eu espero que alguém citado neste texto daquela época leia e reflita sobre o quanto foi falha a execução profissional e o quanto foi pobre em ensinamentos...

sexta-feira, 10 de julho de 2009