domingo, 26 de outubro de 2008

Seguindo passos

Naquela manhã,
não me sai da cabeça o cheiro... andei pelas linhas amarelas e parei diante do horizonte nu, azul e ainda frio. Olhei para o céu; Estrelas.

Ali eu podia ouvir qualquer música que eu quisesse... era fuga. A cidade não me via de forma alguma, só haviam as folhas, a grama, a terra batida e o vendo... e ao longe o vermelho tímido querendo surgir. Pássaros esporadicamente passavam acima da minha cabeça... e eu só poderia ter ela de companhia: A solidão.

Solidão necessária que se fazia para nutrir minhas idéias sob os questionamentos que eu sempre me fazia acerca de minha existência.

Algumas vezes, o violão me acompanhava, e eu nunca terminei as notas que me foram sussurradas naquela manhã em que vi a "coisa" por entre as árvores... Era muito cedo, não havia lua e eu estava sozinho. Deu medo, é obvio, afinal, quem não teme o desconhecido?

SEmpre havia o pão de queijo após sair do meu refúgio... Hoje, ele já não existe mais... não naquele local. Muitos o descobriram, e por culpa minha. Tenho que encontrar outro local. Aliás, sei bem onde este local fica, e preciso o quanto antes reanimar minha energia vital neste local que me leva tantas boas coisas...

Cada louco tem sua loucura. Preciso me permitir gostar de alguém novamente, mas sinto que preciso de me encontrar com meu "eu" novamente como eu fazia, para sentir saudade de coisas que eu não lembro, ou saudades de coisas que nunca existiram neste tempo para mim...

Após juntar todos os pedaços que se quebraram ao longo de uns anos, preciso neste momento apenas colá-los. Todos os cacos ja foram reunidos. Todas as lágrimas foram choradas. Há de se regar novamente as terras, para que elas possam dar frutos novamente. Há de se escrever novos cadernos, novas histórias, há de ficar novamente com sono nas segundas-feiras lembrando da maravilhosa noite anterior... há de se fazer planos para um futuro incerto que sempre estará na próxima curva. Sim, a estrada continua. O problema é que fiquei parado naquele ponto, no refúgio, durante muito tempo, e aliás, ainda estou ali nele, parado. A diferença é que todas as páginas foram rasgadas e queimadas... o que sobrou, sobrou apenas aqui dentro. Todas as provas que existiam foram apagadas. Tudo que nutria aquele tempo foi destruído para que eu pudesse seguir em frente. Há um caminho novo a se seguir, e eu estou completamente cego neste momento, por que não sei o que virá adiante. Ainda estou ali, parado naquele ponto que descrevi ha quase dois anos atrás... muito tempo se passou... mas ainda estou na estrada, com aquela mesma idéia... quem virá comigo, quem ja passou, quem continua nela...

Mas estou parado agora. naquele exato ponto, onde vejo claramente o caminho percorrido, e adiante, a curva com as árvores dos dois lados da pista.

Não adianta eu querer andar agora. Não estou preparado para virar aquela curva. Mas o fim do ano se aproxima, e se ainda estiver vivo até lá, conseguirei seguir adiante, e contarei neste blog o que há naquele caminho das árvores.

Uma coisa é certa: Preciso continuar a jornada. Não posso parar minha vida.

É necessário ir seguindo os passos

domingo, 12 de outubro de 2008

Por aqueles passos, por aquelas montanhas, lembrei que travávamos uma batalha pela conquista de algum lugar, e por algum motivo deixei que se perdesse pelos labirintos daquele jardim...
Andei 7 dias e 7 noites. Percorri toda a extensão do rio, perdido, mas algo me guiava a seu encontro...
Nesse tempo, lembrei de nossas juras próximo ao lago das 12 quedas, e prometi a você que sempre a protegeria, a qualquer tempo, em qualquer universo... Mas não foi suficiente... Perdi você na batalha dos aflitos. Tive notícias de que o mago do pequeno vilarejo havia te prendido em outro tempo... um tempo diferente do nosso. E viajei durante 6 gerações para tentar te encontrar... Ainda viajo... E ainda tenho mais pela frente...
Na verdade, eu acho que continuo descendo aquele rio, e sei que ainda está viva, por que sinto dentro de mim. Ainda que eu tenha morrido por dentro, o que me move a continuar é a certeza de que ainda poderei te encontrar. Estou amaldiçoado a viver por mais 8 gerações se eu não a encontrar... E a dor não é a da vida ininterrupta sob o solo deste mundo diante de cada século, mas sim o fato de estar privado da sua companhia, nos tempos em que eu colhia margaridas e íamos nos campos de girassois agarrados com nossos sonhos... Ainda estou descendo aquele rio. Eu morri por dentro naquela tarde em que te perdi na linha de batalha. Sei que está viva, por que ainda vivo, e meu coração, ainda que vazio nas trevas, clama por te achar em algum lugar dessas vidas... Confundi você em alguns momentos com outras, mas eu preciso encontrá-la. Preciso colocar paz nesta alma que sempre busca te encontrar...
Encontrei você no albergue, com aquela bata amarela e os óculos... por um minuto, achei tê-la encontrado, mas mais uma vez foi engano... você desapareceu... Logo após, a encontrei na porta do cinema, e nem lembro bem a data... estive com você por alguns minutos, mas novamente você sumiu... Você não consegue me reconhecer, e talvez seja esta a maldição mais terrível a qual tenho que conviver... AS vezes eu queria simplesmente desistir, mas até da auto-destruição fui privado. Não há como fugir. Toda vez que eu consigo morrer, eu acordo em cima de uma cama, num tempo diferente, e com a busca do zero.
Todas as vezes que chego perto do precipício e penso em pular, minhas pernas não obedecem... Não há como voltar aquele tempo sem você do lado... Não há mais pelo que lutar. Sim, sou egoísta... fui considerado um dos melhores cavaleiros naquele tempo, mas hoje não sou mais do que um pobre fraco... Mas continuarei percorrendo o rio, em direção ao seu encontro. Preciso que se lembre de mim quando nos vermos outra vez... preciso que você se lembre quem é...

Nonono

Houve um tempo que eu brincava na terra molhada...
Houve um tempo que eu pedia para andar no balanço...
Houve um tempo em que a única coisa que importava era o futebol no intervalo...
Houve um tempo em que vi de perto a morte, mas não chorei, não sei por que...
Houve um tempo em que eu conseguia sorrir inocentemente de uma mágica no circo...
Houve um tempo em que o algodão doce era muito doce, o churrus meio salgado e as idéias, infinitas.
Houve um tempo em que eu conseguia escutar as histórias sobre a cidreira... Hoje, já não me lembro mais.
Houve um tempo em que eu estudava pela manhã e dormia a tarde toda...
Houve um tempo que apaixonei pela primeira garota, e depois vieram as outras...
Houve um tempo, em que tudo era saboroso, e esse tempo existiar amor
Hoje, só lembranças de tempos bonitos em que a música te remetia ao lugar de onde veio, e que não mais acontece...

domingo, 5 de outubro de 2008

Melodias em frascos de perfume...

Fui designado a resgatar alguém... Quando aceitei a tarefa, não sabia de muitas coisas, e agora estou em um grande dilema... Voltei de um lugar que era o meu, e quando caí aqui, eu não sabia o que me esperava e o que eu viveria...
Hoje valorizo muito da experiência que eu não tinha, que não vai muito adiantar a mim quando (e se) eu voltar de onde vim... Ainda há uma tempestade muito grande por vir, e não sei se ainda há o que ou a quem resgatar.
Estou nadando em aguas turvas, ou dirigindo por caminhos sombrios... Ha quem diga que eu vivo em um constante delírio de minha própria negação de existência... não sei... Pela primeira vez, eu não sei... Mas há aquele azul que me responde tantas questões... e aos poucos eu vou resgatando isso...
"Não esquive de seu objetivo. Quando estiver desesperado, ou perder o propósito, ou duvidar do que realmente está em jogo, se retire ao nosso tempo. São poucos minutos, e você terá que aproveitar. Você encontrará paz. Não leve outros... a conexão se quebra com outras pessoas..."
Esse é o unico elo que tenho com meu lugar, e que mesmo assim só me faz ter nostalgia... Me faz sentir falta de algo, que não sei se está aqui ou lá... Estou em um espelho, só isso eu sei. As vezes sinto que tenho pouco tempo, e que não envelhecerei aqui como todo mundo...
Há uma porta que a todo custo devo encontrar... A dúvida é: Quem estará do meu lado?
Nada faz sentido... não ainda... Mas quando eu sentava à beira do penhasco em meu refúgio, as lembranças quase vinham... Me enganei uma vez... que doce engano... Mas estive perto, ou pelo menos achei que estive...
Há um desvio de personalidade? Não sei... Loucura? Talvez... Mas tenho que assumir minha identidade agora... Então, eu questiono: QUAL SERIA ELA?
Ja tentou escutar uma musica ao sentir um perfume? Sim, toca uma música. Não são todos que escutam, mas toca... Assim como existe um cheiro que só é possível sentir na alvorada...
Aguçar os sentidos... Ouça com os olhos... sinta o cheiro com a ponta da língua...
" Na sombra da árvore, há de se repousar, um descanso. Mas proteja sempre. A missão é o resgate. Você não é soldado. Você é aquele que dará a mão à criança e coragem à mulher. Elas o seguirão, até onde o sol se esconde eternamente por entre as montanhas, onde a paz reina silenciosamente dentro da alma, onde a música ecoa pela estrada e onde o medo incrivelmente nunca existiu.
Onde poderão voar para onde quiserem, onde não existe o dia e nem a noite, onde o sol e a lua coexistem em harmonia, onde a beleza de cada um pode ser vista ao mesmo tempo... A perseguição acaba aí."
Há tantas páginas neste livro, que existe apenas em minha cabeça. Não consigo ler as páginas adiante, nem lembrar das passadas... Talvez amanhã nada disso faça sentido... Mas preciso acreditar em um ideal, e parar com os sonhos malucos onde nada entendo... se eu pudesse gravá-los para ver depois, o que acontece... mas eles ficam na minha cabeça, e vão sumindo, assim como muito do que vem e vai nas estradas e madrugadas... espero identificar logo... Não há mais tempo como havia 5 anos atrás. Haverá menos ainda daqui a um minuto...

Sob o céu azul das 6:47 da manhã

Sob o parabriza, o faixo de luz... Não, o sol ainda não saiu...
Ao retornar àquele local, depois de tanto... depois de condicionar minha inspiração a terceiros, a percepção de sentidos ainda é a mesma... Obvio, deveria haver internet no meio do nada... essas palavras estariam saindo "ao vivo"
Mas depois que passa, muita coisa ainda fica ali, no "refúgio"...
Ainda estou confuso... a eternidade ainda é confusa, estradas e madrugadas ainda existem diante do meu percurso. O caderno de bolso ainda existe, mas nenhuma palavra mais foi escrita nele.
Mas muitos quilômetros ainda estão à frente, e ainda falta uma eternidade para que o sol apareça... E é justamente neste intervalo que eu existo de verdade... que meu verdadeiro "eu" aparece...