Viagem para Uberaba... Só certezas de que a melhor coisa que eu fiz na vida
foi ter saído de lá. Então, me vejo pro espelho e enxergo um cara de 30 anos,
completamente desiludido e sem tesão na vida. Por quê disso? Sim, isso pode
soar depressivo, mas não é. Nem essa desculpa trágica de estar enfermo ou
diante de uma situação que foge a meu controle eu posso dar. É pura e simples
inabilidade de me mover adiante pelo único motivo da descrença. Ao ver meu
amigo e irmão Gui com sua filha amada e seu casamento completamente superficial
e vazio, eu ainda o invejo. Não pela vida conjugal, porque convenhamos, eu devo
fazer mais sexo com a minha própria mão do que ele com a esposa (desculpe pela
frase chula, porém verdadeira), mas sim por aquela pessoinha que ele deve amar
mais do que qualquer outra coisa na vida. E eu fico pensando se, em algum
momento da minha vida eu tivesse tido um filho (ou uma filha, que eu sempre fui
maluco para ter) eu me sentiria completo, motivado e feliz...
Sinto uma falta maluca na vida e o que me frustra mais ainda é ter a certeza
de que não faço a mínima ideia do que seja. Seria um filho? Seria um
relacionamento? Seria sonhos que se perderam pelo caminho? Seria
carreira?
Se aquele lance em 1996 for verdade, de que eu fui um monge ou ermitão em
uma vida anterior, talvez eu esteja apenas recorrendo às origens desse passado mitológico
da minha vida.
Não sei bem ao certo o que é, e qual é o problema. Às vezes eu olho para a
foto daquele eu tanto amei verdadeiramente e unicamente na minha vida e me
pergunto o que foi que deu errado... Talvez eu estivesse tão ansiosamente feliz
por ter encontrado “a garota” que eu tenha colocado tudo a perder com minha
nada ortodoxa e bipolar maneira de ser na época. Talvez existam dois vilões
nessa história e talvez não exista nenhum culpado. Talvez, em cada rosto de
desconhecida eu tente achar aquilo que eu achei um dia e deixei escorrer pelas
mãos. Talvez este seja apenas um apelo sem voz que grito silenciosamente nesse
canto levemente iluminado de esperança que ecoa no vácuo da minha pobre e
confusa dor de ter a certeza de que nada faz sentido...
Talvez seja apenas um drama para ser transformado em um roteiro algum dia,
talvez uma consulta para escrever algumas músicas daqui há um tempo.
Mas a pergunta que sempre, sempre e sempre vai existir por aqui é: Qual o
sentido disso tudo? Qual o sentido de acordar todas as manhãs, enfrentar um
chefe judeu filho da p* (ou outros que ainda vão vir, ou aquelas que já
passaram), tentar uma graduação novamente e ficar no ócio nos dias de domingo?
Qual o sentido disso tudo?