Um viajante sem rumo, sem destino... Viaja com seus pés na areia.... um viajante Um viajante, que de tantos calos nos pés , .um dia se pôs a descansar. O viajante se sentia tão só, pois sempre suas viagens eram de muito tempo caminhando, pouco conversando, nenhum amando.
Pobre viajante solitário, que se perdeu correndo infeliz, diante de amores que nunca quis, rejeitado por aquele ser amado, corria só.
Em cada vila, em cada povo, ele nunca contava sua história, apenas ouvia. Silencioso e amargo, pregava o ordinário, desdenhava da beleza e da inocência, exalava carência e um franzido na testa.
Pobre viajante. Para onde está indo? Por que lhe arrancaram as rosas e deixaram os espinhos...
Então ele lá, sentado, olhando para o nada, com sua tristeza e beleza, sua mágica paixão em se sentir amargurado, onde as ondas vinham e iam de lugar nenhuma para lugar nenhum... A brisa soprava branda em seu rosto, que ja não sentia mais nada... E ele ficava ali, sentado, calado.
Pobre viajante, que deixou parte de sua alma amada de lado, e a outra parte, que não vivia tão iluminada quanto quando inteira, se trancava em um túnel que nunca terminava, que nunca voltava...
Ele nunca cantava... nunca mais. Deixou seu banjo perdido no seu passado não esquecido...
Deixou seu sorriso de lado... Jamais esquecido, apenas guardado.
Quem julga a dor do viajante amargurado, que desdenha sim da alegria ao lado...
Quem pode conhecer as rugas de um rosto adormecido pela tristeza de nunca ter tido a beleza da vida de ter se apaixonado....
Ah sim, o viajante... O viajante que ja não chora mais de dor, por que apenas conhece a dor, e nada mais. O viajante que não é tocado por músicas tristes e belas, por que ele ja esqueceu de como é o amor.
O viajante, que sente a brisa, que vê as ondas, e passa a madrugada ali, parado, pensando no nada... O viajante não fica remoendo seu passado... apenas se tornou quem é hoje por aquilo que viveu ontem... Não o viajante não remói o passado... ele vive o passado.
O Viajante vê o sol nascer no horizonte... e o canto da gaivota ressonante, o faz se perder por um instante... E enquanto os tons colorem o fim do mar distante, ele se lembra de quem ele é... e um breve sorriso aparece, e o franzido da testa some, e ele fecha os olhos, e é tomado por uma alegria que não sabe de onde vem, e o faz lembrar de tudo aquilo que ele quis esquecer... e os breves minutos de alvorecer o tornam aquele cara com um tranquilo semblante... E como se a realidade brincasse com ele, tudo se vai...
Pobre viajante... Pega sua pequena valise, e segue adiante... distante... não radiante...
Pobre viajante... Não se lembra da constante alegria de um tempo intrigante, mas agora é intolerante...
E então se torna ele, um viajante. Sem rumo, sem destino... viaja com o pé na areia... um viajante.