quarta-feira, 1 de abril de 2009

Sons...

É muito louco quando se está perdido no centro de uma cidade qualquer... Barulhos de carros indo e vindo, conversas inaudíveis de desconhecidos, sirenes, passos apressados, clicks de semáforos... Você corre tanto que nem sabe ao certo o que está fazendo. Horários, pressões, dores de cabeça te desconectam do ser que você realmente é em razão de sua sobrevivência na selva urbana impiedosa e implacável.
Quando se está num hospital, o som é de um silêncio constrangedor. Cliques e luzes se acendendo e se apagando o tempo todo. O desconforto que se sente na cama dura e a noite que nunca passa, te coloca frente a frente a um "eu" mais forte do que si mesmo em um dia normal, e aquele silêncio... Intocável...
O som da noite indo embora, das coisas desacelerando, o dia que acabou, aos poucos aquele zumbido esquisito de um monte de gente aglomerado em um espaço de terra, denominado cidade, vai se arquitetando, se inibindo, até o barulho do ventilador e da tv ficarem tão altos quando o som de sua respiração vibrando dentro de você...
O som da manhã, com os pássaros acordando, e o ermo escuro que você está começa a ser tomado por sensações e lembranças que nunca ocorreriam em sua mente num tempo corrido... O som do vento nas plantas, o som de seu pulmão se enchendo de ar pela manhã...
Os sons... Sim, os sons... Aqueles que choram no silencio por que nunca foram ouvidos... os que gritam no vácuo, impotentes, nulos, invisíveis... Os sons carentes da vibração que os conduzem para dentro de um caminho onde eles apareçam, sejam notados, ouvidos... Esses são os sons excluídos, que vagam na imensidão de um universo que não foi feito para eles... São sons que existem, mas que não fazem sentido. Não fazem sentido pois estão abaixo das linhas em que alguém se importe tanto para que eles sejam apreciados...
Os sons solitários que tanto clamam por quem os ouçam...